O meu cérebro foi, há alguns dias, bombardeado por uma confusão ritmicamente aceitável, causada pela interpretação em banda sinfónica de uma das obras mais marcantes do século XX.
A Sagração da Primavera ("Le sacre du printemps") é um bailado, escrito em 1919 por um dos 100 homens mais marcantes do século XX (segundo a revista New York Times): Igor Stravinsky. Basicamente descreve um ritual pagão, no qual é escolhida entre o povo uma jovem virgem, que será sacrificada como oferenda ao deus da primavera, a fim de trazer boas colheitas para a tribo. A obra foi um desastre completo na sua estreia, tal era a sua complexidade.
Na verdade, a obra era uma inovação tal que criou um verdadeiro escândalo na ópera, originando até insultos em voz alta, logo após as primeiras harmonias criadas pelos clarinetes e fagote. No entanto, tal como algumas obras que tiveram esse tipo de tumultos, cedo se percebeu que esta obra era uma obra prima, algo que não se veria mais escrito da mão de algum mestre que por ali passasse. E ainda assim é, hoje.
Mas a questão é: O que tem a Sagração da Primavera de especial? Tem ritmos. Tem mudanças de marcação de compasso quase todos os compassos, exigindo um tremendo esforço aos músicos. Tem politonalidades, o que assustou muita gente na altura, mas que hoje em dia nos soam já bastante bem. Tem uma carga de som que pode provavelmente ter originado o heavy metal (teoria fundamentada pelo maestro Gustavo Dudamel). Tem melodias lindíssimas. Tem ideias musicais que se repetem arritmicamente por toda a obra. Tem dissonâncias na percussão. Tem uma orquestra de mais de uma centena de músicos. Tem dois jogos de tímpanos (imaginem a barulheira daquilo) e mais seis percussionistas. Tem instrumentos que nem se sabia que existiam.
Mas só se pode compreender realmente o porquê desta obra ser uma daquelas obras que parece ter a mão de Deus ouvindo-a. E aí se percebe que se está a ouvir realmente a mão de Deus, pois em 90 anos nunca mais se fez uma obra que se comparasse a esta, tal é a sua perfeição. Portanto aqui vos deixo a obra. Espero que gostem!
Parte 1: https://www.youtube.com/watch?v=SgHMpYsv0_0
Parte 2: https://www.youtube.com/watch?v=psyPlT4aZug
Parte 3: https://www.youtube.com/watch?v=lfAcl7FIgNg
Parte 4: https://www.youtube.com/watch?v=svA5uIsPxJQ
Parte 5: https://www.youtube.com/watch?v=cOMt-MiI018
Para os interessados têm aqui a partitura geral. Talvez interesse, para tentarem perceber os ritmos daquilo. Pessoalmente, passei metade da semana a solfejar e a outra metade nos ensaios. E mesmo assim podia ter sido bastante melhor...
http://www.mediafire.com/?sharekey=f6862bb2cf09a43761d4646c62b381cbe04e75f6e8ebb871
(só precisam de abrir, carregar em "Stravinsky Ballets", e depois "Rite of Spring").
A Sagração da Primavera ("Le sacre du printemps") é um bailado, escrito em 1919 por um dos 100 homens mais marcantes do século XX (segundo a revista New York Times): Igor Stravinsky. Basicamente descreve um ritual pagão, no qual é escolhida entre o povo uma jovem virgem, que será sacrificada como oferenda ao deus da primavera, a fim de trazer boas colheitas para a tribo. A obra foi um desastre completo na sua estreia, tal era a sua complexidade.
Na verdade, a obra era uma inovação tal que criou um verdadeiro escândalo na ópera, originando até insultos em voz alta, logo após as primeiras harmonias criadas pelos clarinetes e fagote. No entanto, tal como algumas obras que tiveram esse tipo de tumultos, cedo se percebeu que esta obra era uma obra prima, algo que não se veria mais escrito da mão de algum mestre que por ali passasse. E ainda assim é, hoje.
Mas a questão é: O que tem a Sagração da Primavera de especial? Tem ritmos. Tem mudanças de marcação de compasso quase todos os compassos, exigindo um tremendo esforço aos músicos. Tem politonalidades, o que assustou muita gente na altura, mas que hoje em dia nos soam já bastante bem. Tem uma carga de som que pode provavelmente ter originado o heavy metal (teoria fundamentada pelo maestro Gustavo Dudamel). Tem melodias lindíssimas. Tem ideias musicais que se repetem arritmicamente por toda a obra. Tem dissonâncias na percussão. Tem uma orquestra de mais de uma centena de músicos. Tem dois jogos de tímpanos (imaginem a barulheira daquilo) e mais seis percussionistas. Tem instrumentos que nem se sabia que existiam.
Mas só se pode compreender realmente o porquê desta obra ser uma daquelas obras que parece ter a mão de Deus ouvindo-a. E aí se percebe que se está a ouvir realmente a mão de Deus, pois em 90 anos nunca mais se fez uma obra que se comparasse a esta, tal é a sua perfeição. Portanto aqui vos deixo a obra. Espero que gostem!
Parte 1: https://www.youtube.com/watch?v=SgHMpYsv0_0
Parte 2: https://www.youtube.com/watch?v=psyPlT4aZug
Parte 3: https://www.youtube.com/watch?v=lfAcl7FIgNg
Parte 4: https://www.youtube.com/watch?v=svA5uIsPxJQ
Parte 5: https://www.youtube.com/watch?v=cOMt-MiI018
Para os interessados têm aqui a partitura geral. Talvez interesse, para tentarem perceber os ritmos daquilo. Pessoalmente, passei metade da semana a solfejar e a outra metade nos ensaios. E mesmo assim podia ter sido bastante melhor...
http://www.mediafire.com/?sharekey=f6862bb2cf09a43761d4646c62b381cbe04e75f6e8ebb871
(só precisam de abrir, carregar em "Stravinsky Ballets", e depois "Rite of Spring").